domingo, 30 de outubro de 2011

Faces, Facetas, Façanhas

Quando nasci, um anjo doido
Desses muito doido, louco, torto
Veio anunciar a minha sorte:
Vai, Bruno! ser gente no mundo
Para isso, precisas ser forte!


Não era anjo louro. Sim
Era um anjo muito esbelto
Anjo negro, cor de ébano
Disse olhando para mim:
Não dê mole nunca,
Seja esperto!


Digo a ele:
Quero cumprir a sina.
Sem precisar mentir
Quero ser forte na vida
E resistir até o fim
Como muitos Raimundos
Como muitos Severinos
- ser brasileiro -
Eis o meu destino!

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Narcisus Tragicus

Agonia de Narciso
Preso ao espelho
Afogando-se em vaidade
Reflete a beleza de
morrer contemplando
a própria imagem

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Verbo Amar

Quando digo, e repito para mim, com orgulho, que não acredito no amor. É então que eu mais amo. E o que é mais importante: ser amado? Digo que não! Amar é o mais importante, porque amar é praticar uma ação, e não sofrê-la: sou eu o agente. Quando digo: sou amado, reduzo-me a um objeto. Mas quando digo e repito: eu amo, sou eu o sujeito.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Desconsolação

Acreditei em Camões ao dizer:
“Amor é fogo que arde sem se ver”
E me queimei!

Ah, porque amei
Me queimei
Todo por dentro,
Por fora,
Nos cantos
E nas bordas

Quis consolação
No que não consola nunca
Caro, cara colega:
O amor

Desconserto do Mundo

Queria o poder poder mudar o mundo.
Impossível.
Porém, a mim mudo.
Em silêncio, e no escuro.
Nalgum dia sei: estarei mudo.
Em silêncio, em segredo.
Lentamente, eu mudo.
Nem que seja meu mundo.

sábado, 15 de outubro de 2011

Andrômeda

Ao meu antigo amor
Preso ainda estou
Acorrentado
Sem ter por onde escapar
Não encontro forças
Para fugir nem lamentar
Muito menos
Depois de certo tempo
Lágrimas que possa derramar
O que fazer? (Interrogo)
Mas sem remorsos
Do tempo em que amei
Pois, ainda, guardo esperanças
De que um dia o encontrarei
Eu que não me iludo ou minto
Me pego a acreditar no Destino
Este sempre a nos colocar face a face
Um dia quem sabe!
Ele, nos nossos corações arrebate
O amor, o nosso antigo amor
Perdido no espaço...

3 Coisas

O tempo
             fascina,
            e ao mesmo tempo,
            alucina


O amor-paixão
            primeiro fascina,
            depois alucina


A vida é
           fascinante,
           faiscante
           e alucinante

Lição I

Não esqueçer:

"Mude, mas comece devagar,
porque a direção é mais importante que a velocidade..."

E aprender a viver com Clarice.

E repetir, repetir, repetir...

Às vezes,
tenho medo,
este estraga a felicidade,
eu sei,
mas não posso evitar,
tenho medo de ser feliz,
muito feliz.

Quem nunca foi magoado,
apedrejado,
então atire a primeira pedra.

Às vezes,
essa pedra saiu da minha mão,
eu sei.

Mas tenho de mudar,
mudar, mudar,
sempre.

Nascido a cada dia,
nômade a cada caminho.

sem rastros,
sem marcas,
e principalmente,
sem memória!
sem história
para contar

Dai-me força, oh vida!

Repito

Repito, por pura alegria,
            a vida muda (...)
            muda, muda, muda,
            muda, muda, muda,
            muda, muda, muda,
            muda, muda, muda,
            (...)

                    (Muda a vida)
                                 Grito:
            um dia muda a vida estará)

Todavia

Só – zinho
Todavia, feliz
           livre de preocupações
           que corroem o pouco tempo
           que tenho


Como sempre (fiz)
                    (quis)
Todavia, feliz
do jeito que dá (e deu)
fugir do perigo
estar só comigo

Sem tempestades nem bonanças
                      mas, esperanças
                      não
Todavia,
num caminho sem pedra
vivo feliz!