quarta-feira, 20 de julho de 2011

Oriente

Duas mãos – o Tempo e o Vento –
A nos atravessar. Desvendemos
No mesmo gesto e movimento
Erguem-se, mas não as vemos

Fosse a hora de lançar um dado
Devagar, rápido, leve ou forte, segue a mão
Se o Tempo passa, de um lado,
Do outro, sopra o Vento na mesma direção

Fosse o Acaso, ou o Vento, ou o Tempo
Divinas mãos erguidas cobertas pelo véu
Invisível, para nós, ritmo secreto e lento
Não para o Oriente – olho divino no céu

terça-feira, 12 de julho de 2011

Na alma uma ferida aberta, grande demais...

Estava eu no ônibus lendo “A Bela e a Fera”, conto de, minha querida, Clarice Lispector. E de soer pensando na Vida. Quando um homem entra de muletas: Uma perna amputada. Um ferimento. Fechado e enfaixado. Foi deste modo que descobri minha ferida, grande demais, ainda, e acima de tudo, aberta. Sangrando em lágrimas...

Trem Bom

Café e pão
Café é bom

Não sei rezar
Mas sei comer

Só sei pitar
Apitar
Palpitar
O coração

Café é bom
Acompanhado com pão

Nossa Senhora!
Virgem Maria!

Agradeço a Santa Comida
Na mesa de todo dia

Café com pão
Como é bom!

Negotium

Para impedir a fuga do Tempo
Amarre-o ao pé da cama

O Tempo não é meu
O Tempo não é seu
O Tempo não é nosso

Mas por ele fazemos qualquer negócio

Tsunami

Ondas que vem
E que vão
                                         (Apaga e apanha)
De uma só vez levou
Embora meu coração
                                         (Vai e vem, movimento)
Salgado mar
De saudades
                                         (O retorno às águas)
Agitado
Agigantado
Por uma Onda
                                         (Enorme Onda)

Aforismo

“Não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe”
Provérbio

Resistir:
Mas como tudo que é belo se acaba
(Menos a Arte, ela resiste).
Por isso, finita é a Vida.

Ridículos:
Podemos dar risada de tudo:
Até de nós mesmos!

Remédio:
Tudo será remédio
Qual antídoto para o Tédio?
A rima

Encaixe (O Casamento Perfeito)

Corpo
Alma
Vos declaro
Marido e Mulher

(O beijo dos noivos)

Até que a morte os separe

(Enfim sós!)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Canção do Adeus

Ouvindo os versos da canção que diz:
"Freedom comes when you learn to let go..."

E pois me ensina:
"There’s no greater power
Than the power of good-bye…"

Olho no espelho
E vejo, não o que sou,
Mas o que eu era
Há anos atrás
Me despeço
Já é hora
De dizer Adeus
E ir embora
Até nunca mais!
Sigo em frente.

É preciso:
"Learn to say good-bye
I yearn to say good-bye…"

Alvorada

É a Hora!
Não de nevoeiro
Vamos embora!
Hoje ainda temos o dia inteiro
Pois amanhece
Há contratempos
Mas contamos com o Tempo:
Ele está em tudo, e ao lado nosso.

A cada dia
Um pouco se tece
E é bem verdade,
Às vezes, entristece
Mas isso não importa
O Dia não é chama morta.

Se não sabe o que queres
Esquece!
Então deixa o dia amanhecer
Pois a Vida vai saber fazer acontecer
E diante Dela nenhum som emudece
Só não deixar que o Tempo disperse
Nem se desespere
Aí Vida acontece

Valei, irmãos!

domingo, 3 de julho de 2011

Ingredientes de Amor

Lembro aquele dia em que juntos cozinhamos, dividimos a cozinha, cada um com uma tarefa. Decidido o cardápio, vamos: 1 cebola, 2 tomates, 2 dentes de alho, sal a gosto, salada, alface, cenoura. Arroz 2 xícaras, água, tempero vários. Purê de batata, você disse “põe leite”, mas “acabou”, “faço com água e fica muito saboroso”.  Dividimos tarefa: “eu faço arroz, você corta cebola e os tomates, lave a alface”. Fritamos o bife e na frigideira os dois pedaços de carne formando um coração. E a paixão. Aquecidos pela quentura do fogão, e o calor que há em nós. Amor sendo preparado: bife na manteiga. Entre uma tarefa e outra, beijos, abraços e brincadeiras. Não pensamos nada para sobremesa. Apenas doces beijos, carinhos e ternuras. Em meio ao cheiro de fritura, nos amamos. Preparamos e cozinhamos nosso amor cotidiano. A comida está pronta! Saboreamos delícias.  

Palavras Soltas

I
Modifico as coisas
Modificando a mim
Modificando a mim
Modifico as coisas

II
Movimento
Movo no vento
Movo no tempo
Movimento

II
Movo tempo
Novo vento
Tempo novo
Vento movo

Ginástica para o coração

Assim como para o corpo
ficar mais forte precisa de exercícios:
polichinelos, corrida, levantamento de peso,
abdominais...

 
Da mesma forma é o coração:
o sofrimento dói como fazer abdominal,
mas é necessário para que se fortaleça
os músculos.

Clariciano, simplesmente

Simplesmente eu sou eu. E você é você.
Clarice Lispector

“... antes de tudo, sou clariciano.
                            E sei lá o que isto quer dizer! Acho que seria como
                            colocar uma aspa a esquerda e a direita de mim!”