terça-feira, 12 de abril de 2011

Aurora

I
Arte não tem pensa:
Pintei o muro de cor de abóbora
Deixei ele alaranjado
Assim como se tivesse
Amanhecendo sempre
Todos os dias

 
II
A manhã tentei abrir com faca
De lá nada saiu
Nem leite do dia
Será por que as coisas
que não existem são mais
bonitas?
Preciso de uma máquina
Que capture o dia
E o deixe sempre assim
Com cheiro de novo

III
As melhores horas
São as do início do dia
Onde a manhã amanhece
Amanhecendo de mansinho
Assim calmamente
Nem percebemos, ela chegou!
Quem inventou a manhã?
Esse primeiro traço
Não acostumado

IV
Alaranjando o dia
Entre nuvens no
Celeste azul
Pássaro mensageando
Em canto cantado
O início do dia
Na não reta trajetória
Um primeiro traço
Anunciando:
A expressão reta não sonha
E a folha em branco
A espera do poema
Amanhecer: início de tudo
Insignificante, mas importante
Porém majestosa manhã
Qual poeta não se emociona?
Chora

V
A voz em formato
De pássaro da manhã
Em canto cantado
É como se fosse
Sempre primavera
- Vivaldi!
Agora é só puxar o alarme do silêncio que eu saio por
aí a desformar.
É preciso desenformar o mundo
Tirar da forma as formalidades

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