segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Pecado Original ou Como Tudo Começou

No jardim do Éden
Paraíso de cenário, oásis de ilusão
Instalou-se em sagrado coração
Uma ordinária serpente
Na tentação de morder
O fruto até a semente

Pirata

Mordendo a carne
Na esperança de cavar
E encontrar um coração
Mais fundo eu ia, afoito!


Mordendo, mordendo, mordendo...


Querendo encontrar ilhas e tesouros
Com a boca, língua e cravando os dentes
Cavando eu estava, contando osso por osso
Desesperado, ansioso pelo prêmio
Sedento!
Enquanto a boca salivava


Querendo, querendo, querendo...


Seu coração, tesouros e mistérios
Não encontrei o que o mapa dizia,
Mas me deliciando acabei com o tédio
Enfim ainda resta a poesia

Manifesto por uma literatura afrodisíaca

Poesia erótica é de um lirismo que fala de um amor intenso, profundo.

Quero uma literatura mais afrodisíaca que fale dos atos, das obras de Afrodite.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Permissão

Permita-me mostrar no que realmente sou bom. Permita-me morder sua orelha, mordiscar seu pescoço. Beijar sua boca, beijar o seu rosto. Permita-me passar as mãos nos seus ombros, nas suas costas. Permita-me descer pela cintura do jeito que gosta. Permita-me sentir os seus braços no meu abraço, suas mãos nas minhas feito luvas, morder seus dedos e molhá-los de desejo. Permita-me sentir suas pernas a roçar nas minhas pernas, e sua língua grudada em minha língua no mais longo beijo. Permita-me beijar, lamber, morder sua barriga e umbigo. Permita-me sentir, abrigar o seu íntimo. Permita-me lhe mostrar um pedaço do paraíso. Permita-me lhe fazer gozar em extremo delírio. Permita-me, pois lhe prometo: permito que faça o mesmo comigo.

Per-verso

Me pegue
Me vire de ponta
À cabeça
Meu melhor ângulo
É o lado re-verso
Cansei de falar em amor
Quero agora falar de sexo
O desejo nos chama
Para arder em sua cama
O melhor é inflamar-se
É entregar-se
O meu outro lado, o meu verso
Sem causar estranhamentos
Usa a língua dos corpos
Sem precisar de entendimentos

100 baldes de água fria

Já tomei banho de 100 baldes de água fria para ver se apagava o fogo ardente que queima dentro de mim, calor que sinto, verão por todo corpo, mesmo estando fora de estação. Mas de nada adiantou, não passou, não apagou, não cessou, não diminui. É desejo, desejo de pele, à flor da pele e também da alma. Desejo de fogo que quer corpo e alma para consumir, arder até o fim.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Entre-nós

Meus olhos terás
de suportar dividir
com o mundo
Meu coração terás
de compartilhar
com as pessoas
que amo
Já meu corpo
será somente
de nós dois

sábado, 8 de janeiro de 2011

Manual de Sobrevivência

Séculos de repressão
Nos afastam da verdade
Para a fim de um código
Devermos lealdade
Somos força, desejo e prazer
Assim como comer e beber
Os aphrodísia faz (sobre)viver

Pleorgasmo

Não mais insista
Nesse verbo intransitivo
Pois acabará em vício
Eu quero é transar
Transitar por lugares
Inimagináveis
Estou louco!
E você sabe muito bem
Então, dá logo o que quero!

Golden Rain (*)

E caía a chuva de ouro a aquecer o corpo.
Luzidia ao na pele se derramar.
O melhor que havia em mim era me entregar
O melhor a fazer era ceder ao prazer
E molhado de satisfação, no auge da alucinação, da pequena morte à realização.
Uma fantasia.


*Estou na dúvida quanto ao gênero: não sei se é um poema ou um microconto. Mas isso não importa a você leitor. Delicie-se com o que achar de literário no texto acima.

Horóscopo

Hoje serei regido
Pelo signo do Desejo
E o que cair na rede
É peixe
Serei isca, linha
E anzol de fina lança
A costurar corpos
Lançados numa inexplicável
Força de atração

Baixa Moral

Sem falso moralismo
Quando falo em erotismo
Sexo é coisa da vida
Aliás, gera a vida
Quer coisa mais sublime?!
Então sem pudor
Sexo, meu amigo (a),
Não causa dor

Objeto [ou uma mercadoria qualquer] - (Microconto Erótico)

Há muito se decepcionara com uma raça muito peculiar. Uma raça constituída de seres chamados HOMENS. Então, tomara a decisão: nunca mais se envolveria com homem algum! Mas certamente não viveria sem sexo. Pois este é vida, e como tal, é de grande compensação a alguns males. Simples, resolvido o seu problema, a partir daquele dia pagaria, podendo assim escolher como seria o seu bel-prazer. E quando a vontade bateu atiçando-lhe o desejo, não hesitou! Pegou a bolsa e rapidamente dirigiu-se a uma loja. Na vitrine e prateleiras variedades – loiros, morenos, negros, altos, baixos, fortes, magros, robustos, modernos, conservadores, viris, delicados, alternativos, etc. Escolheu, segundo as suas necessidades. Pegou, colocando no carrinho. E foi para o caixa. Pagou. Embrulhou. E carregou para casa. Lá se deliciou e ficou satisfeitíssima. Não houve reclamação da mercadoria ou devolução do seu dinheiro. O slogan da marca cumpriu como prometido, e a satisfação fora garantida.