Palavras são como espelhos, na escrita refletem o que está dentro e fora de mim, no mundo real ou no meu imaginário. Aqui tento dar visibilidade ao oculto. E trazer à superfície a face anônima das imagens refletidas.
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
Matéria
É uma pena saber que
muitas pessoas não vivem da matéria que as sustentam. Passam a vida separando
as coisas, vivem da ilusão. Já eu não! literatura é célula que compõe o meu
corpo, é átomo que constitui a minha substância. E tudo que leio ou escrevo faz
parte de mim é o que sou. E como sei viver. Portanto, não me espantarei se
algum dia alguém chamar "Clarice" e eu responder. O meu nome já não
importa, ele não é o que eu sou, e nada diz sobre mim. Eu sou aquilo que absorvo e
retenho. E não tenho identidade, pois não posso ser classificado. E se, por
acaso, tentarem me enquadrar numa moldura pregada na parede, transbordarei para
além. E nunca falo a verdade, porque verdades não são ditas, apenas vividas. De
uma coisa eu sei, atendo por vários nomes e um deles é Tempo. Quando me chamo
Tempo é porque nunca estou parado, sou aquele que corre e nunca sabe o que está
por vir. E nada é tão exato, perder é achar. E eu achei o meu caminho: viver à
deriva. Vivo uma certeza: mudar. Vivo uma realidade: ter apenas o que preciso.
Enquanto a tendência é acumular, ao contrário, quero desapego. Vivo apenas do
peso daquilo que me sustenta: minha matéria. Já não tenho medo (não há o que
temer). Já não tenho mais pena das pessoas que não vivem da substância que as
sustentam. Não se preocupe em entender, renda-se. E se me perguntarem o que
quis dizer com isso que escrevi, a resposta será: não sei! “me perdi” no meio
do caminho. Estou perdido, ocupado, vivendo, respirando, correndo, escrevendo,
etc...
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