Palavras são como espelhos, na escrita refletem o que está dentro e fora de mim, no mundo real ou no meu imaginário. Aqui tento dar visibilidade ao oculto. E trazer à superfície a face anônima das imagens refletidas.
Preparação para a Morte A vida é um milagre.
Cada flor,
Com sua forma, sua cor, seu aroma,
Cada flor é um milagre.
Cada pássaro,
Com sua plumagem, seu vôo, seu canto,
Cada pássaro é um milagre.
O espaço, infinito,
O espaço é um milagre.
O tempo, infinito,
O tempo é um milagre.
A memória é um milagre.
A consciência é um milagre.
Tudo é milagre.
Tudo, menos a morte.
Bendita a morte,
que é o fim de todos os milagres! [BANDEIRA, Manoel. Bandeira de bolso: uma antologia poética. Preparação para a morte, p.146. Porto Alegre: L&PM, 2009.]
Estou apaixonado por ele, confesso! Não sei como isso aconteceu. Deve ter sido a convivência, passamos muito tempo juntos, um apoiando o outro. É isso! Não tem outra explicação. Acho que minha solidão juntou-se a solidão dele. E dia após dia, ao fim de cada encontro, eu já sentia vontades de vê-lo de novo. É, deve ter sido assim que me apaixonei, página por página. Eu estou apaixonado pelo livro!
“O relacionamento de amor é um relacionamento vulnerável, não? E exige contínuas confirmações, e se não houver confirmações, há dúvidas, e se alguém passa uns dias e não sabe nada dela, se desespera. Por outro lado, alguém pode passar um ano sem saber nada de um amigo, e isso não tem nenhuma importância. A amizade, bem, a amizade não exige confidências, mas o amor sim. E o amor é um estado... de receio, é bastante incômodo, não? Bastante alarmante. Por outro lado, a amizade é um estado sereno, podemos ver ou não ver, saber ou não saber o que o outro faz.” (BORGES, Sobre a amizade e outros diálogos, p. 135)